Québec, Gatineau e o sistema de Saúde

>> 8 de março de 2010

Sempre apresentei aqui os nossos motivos em termos escolhido Gatineau para morar no Canadá. A cidade não é nem grande nem pequena, fica perto de Ottawa, é charmosa, independente, apresenta um custo de vida aceitável, tem uma boa infra-estrutura e parece ser um bom ambiente para termos filhos no futuro.

Todas as vezes que conversava com brasileiros que já estão lá, podia confirmar essas qualidades, mas todos eles me falavam do problema que é o sistema de saúde por lá e da dificuldade em se encontrar um médico de família. Bem, eu sei que o sistema de saúde do Québec consegue ser pior que a saúde no restante do Canadá, então já estava tentando me preparar. Eu não esperava encontrar nada parecido com o meu plano particular daqui, mas, depois de ler este post no blog do Nelson e Carol, fiquei preocupada. Em resumo, o Nelson teve muita dificuldade em encontrar um médico de família e só achou uma em Ottawa, ou seja, vai precisar pagar a parte restante do valor que a província de Québec oferece como reembolso para quem é atendido em Ontario.

Essa alternativa foi a mesma encontrada por uma outra família que conheci por lá. Quando precisam de atendimento médico, cruzam a ponte, pagam e depois solicitam o reembolso de parte do valor ao governo. Mas voltando ao caso do Nelson e da Carol, para completar a situação, agora eles estão grávidos. E aí, como é ter um bebê em um lugar como esse? As perspectivas deles também não parecem ser muito animadoras, mas pelo menos a Carol já conseguiu uma obstetra. Acho que é importante divulgar esse assunto porque quem vai para o Canadá precisa saber o que esperar. Eu e o marido não mudamos de opinião por enquanto e ainda queremos ir para Gatineau. Enquanto isso estamos aproveitando os meses que temos aqui para fazermos o check-up mais completo que pudermos, para não precisar de médico por lá tão cedo.

O problema em Gatineau claramente é a falta de médicos. A estrutura parece ser excelente, mas os poucos médicos da cidade estão sobrecarregados e todos já sabemos o quanto é complicado para um imigrante exercer a medicina no Canadá. Sobre esse assunto o Le Droit publicou essa matéria no dia 3, falando sobre um novo projeto de clínica de atendimento de transição, destinado àqueles pacientes sem médico de família e em situação mais grave, com doenças mais crônicas. O chefe do Departamento Regional de Medicina de lá acredita que esse seja uma das causas dos entupimentos nos hospitais, pois essas pessoas podem estar indo às emergências para conseguir uma receita e acabam sobrecarregando o sistema. Mas o mais interessante nessa matéria é que eles até reconhecem que o maior problema é a falta de médicos, mas em nenhum momento falam sobre viabilizar programas de inserção para médicos imigrantes ou algo do tipo. A matéria termina dizendo que é preciso esperar mais uns quatro ou cinco anos, quando novos jovens médicos terão se formado e poderão começar a trabalhar por lá. É mole?!

Para melhorar a discussão, passo a bola para vocês que já estão no Canadá. Qual é a sua opinião sobre o sistema de saúde por aí?
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Update (09/03/10)
Continuando as pesquisas sobre o sistema de saúde por lá, encontrei alguns links interessantes (use shift+ctrl se quiser abrir em uma nova aba):
- Encontrei esta seção na página do governo do Québec com a descrição de como funciona o sistema de reembolso para pacientes da região do Outaouais atendidos em Ontário e este é o guia do programa de reembolso (em pdf). Eles informam que a taxa de reembolso é de aproximadamente 70% do valor da fatura para atendimentos realizados em Ontário que estão disponíveis na região do Outauais e de 100% para serviços especializados que não estão disponíveis (neste caso primeiro pagam os primeiros 70% e depois os 30% restantes). O reembolso pode levar de dois a três meses de acordo com a situação.
- Nesta página do Santé Outaouais há uma relação dos sete tipos estabelecimentos de saúde regionais disponíveis na região, incluindo centros de psiquiatria, reabilitação motora, tratamento para alcolismo, centros juvenis e hospitais. Nessa última categoria vale ressaltar uma informação: são 160 médicos especialistas e 87 clínicos gerais, para 325 mil habitantes, o que dá mais ou menos 1 médico para cada 1300 pessoas.
- Aqui estão listadas todas as leis e regulamentos ligados ao sistema de saúde e serviço social québécois e aqui está o guia do Ministério da Saúde sobre médicos de família (duro é encontrar um...).
- Mais links? Aqui está uma relação de todas as páginas úteis sobre saúde recomendadas pelo Centre de Santé et de Services Sociaux de Gatineau.
[imagem: sxc]

9 comentários:

Tati 8 de março de 2010 às 19:06  

Oie! Como não estou no Canadá não posso responder a sua pergunta rs

Bom, valeu pelo site!!! Ele está nesse livro tb assim como o AIEQ http://www.aieq.qc.ca/

Eu comprei esse livro faz um tempinho, e me lembrei dele esses dias.... para a minha pesquisa! wow n foi à toa que o comprei e que ele "apareceu" na minha frente! rs

Meeeerrrccciii beaucoup!!! :)

Tati

Alexandre e Rafaella 9 de março de 2010 às 10:03  

Oi Pati!

Pois é, ficamos preocupados também com a situação e acabamos por decidir não ir mais para Gatineau, pois além do que colocamos lá no blog, que pretendemos levar nossos pais um dia pra lá, também pretendemos engravidar, e aí como será?

Não foi uma decisão fácil de se tomar, pois estamos apaixonados por Gatineau já faz um bom tempo, mas... Nada que outra paixão não resolva, hehehe (isso serve apenas para escolha de cidades, não para casamentos!)

Bem, é uma pena que provavelmente não seremos mais vizinhos, mas caso ainda decidam ir para Gatineau, faremos uma visitinha a vocês por lá.

Abraços!

César, Valéria, Lara e Anaclara 9 de março de 2010 às 13:46  

Tomara que vocês não encontrem grandes problemas por lá.

E a vida segue...

Flá 9 de março de 2010 às 19:49  

Eu queria ter vindo palpitar antes mas ando tão enrolada....

Então, essa questão do sistema de saúde é super polêmica mesmo. Eu vejo o povo reclamando pelos blogs mas eu nunca mesmo tive nenhum problema. Eu sempre digo que acho que é porque moramos em uma cidade e província pequenas. Encontrei nossa médica de família logo após nossa chegada e ela foi nossa primeira tentativa. Meu marido tem pressão alta e faz uso de remédio contínuo e logo ela já fez as mudanças que ela achava adequadas. Ele faz exames periodicamente, tudo sempre tranquilo. Não posso reclamar mesmo, mas também a gente não é o tipo de pessoa que corre pro médico por qualquer coisinha. Eu digo isso porque tem muita gente que reclama mas é meio hipocondríacozinho também.
Espero que vocês tenham sorte e consigam encontrar atendimento fácil por lá.

Tatiana e Luciano 10 de março de 2010 às 00:22  

Oi Pati!
Médico de família é meio complicado no começo sim... Aqui em Gatineau temos a vantagem de estarmos ao lado de Ottawa (que tem mais médicos) e a mesma desvantagem (pois muitos dos médicos atravessam a ponte, pois as condições de trabalho são melhores em Ontario). Mas, estando grávida, e para a criança que nascer, vc. terá um médico de família (mesmo no Québec, em Gatineau). Senão vai levar meses (ou mais de ano) para vc. ter o médico. Enquanto isso, achamos a solução das clínicas em Ottawa (como a Apple Tree) e pagamos a consulta de 60 dólares. O Québec reembolsa uma parte. Mas veja que não são todas as clínicas de Ottawa que aceitam pacientes do Québec. O problema é que a maioria das clínicas de Gatineau não aceita novos pacientes. Para atendimento de emergência vc. também pode ir direto nos hospitais (dos dois lados), mas terá que esperar, pois no atendimento eles dão sempre prioridade aos casos mais graves... Apesar disso, adoramos morar aqui em Gatineau!
Tati

Jhon 10 de março de 2010 às 15:15  

Pati,

Cada vez que ouvimos algo sobre a saúde do Canadá, ficamos mais confusos, né? São tantas experiências divergentes, mas uma coisa todos têm em comum: existe sim necessidade de profissionais para a área da saúde. Bem, continue com suas pesquisas, mas eu acho que só estando lá pra ter certeza de como é....

ah! não sei se vc ficou sabendo, mas vou falar mesmo assim: no programa "Canadá-direto" (é um programa em português da rádio Canadá internacional rcinet.ca) do dia 05/02/2010 eles falaram sobre Gatineau, sobre os imigrantes brasileiros que vão pra lá e entrevistam algumas pessoas de associação de "accueil" e etc. vale a pena se vc ainda não ouviu.

até

Taís e Alfredo 12 de março de 2010 às 20:40  

Olá Pati!
Em primeiro lugar gostaria de agradecer a sua visita em nosso blog e também por você ter deixado um comentário!
Parabéns pelo seu blog, ele nos dá sempre dicas muito interessantes.
Temos o seu blog na lista de blogs do nosso.
Estamos pesquisando tudo o que podemos sobre as cidades e neste momento estamos entre Montréal e Gatineau, ainda não decidimos, porém temos estado mais inclinados por Gatineau por parecer ser uma cidade mais tranquila e pequena. Apesar de morarmos em Porto Alegre, gostamos do ar de cidade pequena com estrutura de cidade grande que Gatineau proporciona.
Seria muito legal sermos vizinhos lá.
Devemos começar a parte do processo provincial neste mês ainda.
Nos manteremos em contato e visite nosso blog sempre que quiser.
Abraços,

Taís e Alfredo.
http://nosaquinocanada.blogspot.com

Vivi e André 13 de março de 2010 às 14:15  

olá Pati,
Que bom que vc tbm postou este tema!
Acho muito legal, embora nem todos incluam este sub-tópico de "Pré_natal", sendo que muitos casais imigrantes vão sem filhos, com a intenção de tê-los lá.

Tenho grande curiosidade em saber como é, porém meu inglês ainda não me permite buscar informações.

Fica a dica, vcs blogueiros, começarem a postar mais sobre o tema.

Parabens pelo blog.


Viviane e André

Anônimo 7 de agosto de 2011 às 03:47  

Olá

Gostei muito de ler o que vocês escreveu pois estou planejando minha viajem para o Quebéq e ainda não havia ecutado sobre essa dificuldade por falta de médicos, na palestra com o representante da imigração eles não falam sobre essa parte, dizem apenas que tudo é coberto pelo SUS (exceto cirurgia plástica) eles incentivam a migração para cidades menores e dizem que lá existe a mesma qualidade de saúde que as cidades grandes.
Valeu pela dica

Elizama Macedo

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